QUEIMA DO JUDAS 2022


Se nunca viu venha ver, se costuma vir não deixe de vir este ano que o evento vai ser abrilhantado pela Filarmónica Pampilhosense que preparou um concerto especifico e que vai certamente ajudar a aliviar as dores dos queimados. Se não resultar, o porto de honra, no bar da Filarmónica ali ao lado, de certeza que vai ajudar.
Aproveite para visitar a exposição que o GEDEPA preparou para relembrar outros submetidos a tais suplícios em anos passados. 
Esta tradição perde-se nos tempos mas pretenderá simbolizar a morte de Judas Iscariotes cuja delação levou à morte de Cristo. Subsiste em diferentes terras e continentes, pois terá sido levada para a América Latina por portugueses e espanhóis. Grosso modo consiste em fazer um boneco de palha que simboliza Judas, este é, conforme os locais, julgado, surrado e rebentado de forma a punir o seu comportamento. 
Na Pampilhosa o costume é associar cada boneco a uma determinada pessoa cujo comportamento durante o ultimo ano, na opinião dos autores, foi socialmente reprovável. É ate costume, quando alguém faz algo reprovável ameaçá-lo com "Olha que este ano vais parar à figueira" (o judas é colocado num ramo de figueira cortado durante a noite). Também pode acontecer por vingança ou apenas por tradição como era o caso de alguns saudosos pampilhosenses que todos os anos prometiam pagar uma rodada na Carolina  se fossem queimados.
Era tradição que os rapazes novos da alta, muitas vezes após terminar o enterro do bacalhau, se reunissem em grupos e adegas diferentes, e aí se combinasse quem seriam os eleitos a ir para os judas nesse ano. Trocavam-se opiniões e depois de escolhida a vitima, o "poeta" tratava de compor os versos. Quadras simples em que se iam colocando pistas para a identidade do judas sem no entanto nunca a revelar. Tal levava em que muitas vezes outros se revissem nos comportamentos relatados e "enfiassem a carapuça" ou seja esta era uma forma de controle social muito importante.
Mas quando era finalmente identificado o visado, consoante a gravidade dos fatos imputados, este ou retirava estrategicamente e não saia de casa no dia de páscoa, ou então como reparação pagava uma rodada de porto na loja da Carolina.
Ao raiar do sol, era colocado o ramo da figueira e o boneco, de preferencia no largo do freixo, mas anos houve em que verificando-se movimentos estranhos no largo (aqueles que suspeitavam que poderiam ser queimados ou os pais das donzelas cuja virtude poderia ser atingida faziam patrulhas durante a noite a fim de evitar a colocação dos bonecos) os bonecos apareceram junto à então Casa Melo, do Turaca, ou no largo da Igreja.
Nessas alturas mais problemáticas os versos eram apenas colocados mais tarde ou mesmo entregues a alguém que se encarregava de os colocar apenas quando já se encontrasse reunido o Povo e assim evitavam que fossem destruídos.
À passagem da filarmônica (na volta pascal matinal) por volta das 9h00, era então deitado fogo ao boneco, que estava cheio de bombas retiradas dos foguetes, e era vê-los a rebentar e a assustar o povo que entretanto se tinha reunido.
Vista pois um fato de treino e venha ter conosco na manhã de domingo de Páscoa, ao patim da escola do freixo na Pampilhosa reviver esta tradição.

09 abril 2022

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